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O novo (a)normal e o papel do Facility Manager no Workplace 

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Os gestores das empresas deixaram de ver o Facility Management como um simples serviço, passando a compreendê-lo como uma atividade com valor acrescentado.

Estamos numa nova fase em que os Facility Managers são vistos como indivíduos responsáveis pela resolução de problemas, por promover a colaboração e supervisionar um ambiente em que a partilha de informações e a inovação podem ocorrer.

Rui Gomes, Country Manager, ISS Portugal


A pandemia da COVID-19 veio alterar radicalmente não só os nossos hábitos pessoais, mas também a forma como nos relacionamos com o trabalho e com os espaços. O exemplo mais visível deste facto foi a adoção do teletrabalho como solução de urgência para ultrapassar a necessidade de confinamento e distanciamento social.

Para quem trabalha no sector dos facilities é importante uma reflexão aprofundada sobre estas alterações de forma a analisar o seu impacto, as repercussões da transformação digital do trabalho, das novas relações entre colaborador e empresa, a redefinição dos espaços físicos de trabalho e os serviços a que todos estes irão obrigar. Para terem sucesso, as empresas do setor terão de acompanhar as tendências, e para tal estarem constantemente atualizadas sobre as novas necessidades do mercado. É este conhecimento que irá ajudar a entregar experiências excecionais.

Se antes da pandemia as palavras de ordem na organização dos espaços de trabalho eram a flexibilidade e a transversalidade do workplace, potenciando o trabalho de equipa e a eliminação de barreiras, maior eficiência energética e uma maior preocupação com os problemas de saúde física e mental dos colaboradores, este “novo (a)normal” veio acelerar todos estes processos de reconfiguração tornando-os urgentes em busca de ambientes saudáveis.

Estes ambientes incluem medidas concretas de prevenção e exigem um esforço de adaptação por parte do colaborador. São medidas que incluem a reconfiguração de espaços ou reestruturação de turnos para manter a segurança exigida e a implementação de elementos e ações de prevenção ou normas de utilização de espaços comuns como o gel desinfetante, a obrigatoriedade das máscaras, a limpeza reforçada, entre outros.

Para além da parte da organização e preparação do espaço físico, a maioria das organizações estão a introduzir um modelo híbrido entre o trabalho remoto e presencial, definindo aquilo que o colaborador pode fazer em cada uma das situações.

As “sedes” ou escritórios não vão desaparecer, mas serão preparados para este objetivo usufruindo de novos e necessários serviços, como o aconselhamento na reorganização do espaço, implementação de sistemas de higiene, limpeza, ventilação e desinfeção, ou mesmo a integração de novas tecnologias, entre outros.

Podemos ter uma visão clara sobre estas novas necessidades através do estudo elaborado pela ISS: “As mudanças do modelo de trabalho em tempos da Covid-19, pessoas e espaços” em que 80% dos colaboradores e 72% dos diretores inquiridos, referem que existe uma maior necessidade de desinfeção, 78 % dos colaboradores e 74% dos diretores, referem que deve haver reforço da limpeza. Relativamente à organização dos espaços, 88% dos colaboradores e 90% dos diretores, consideram que os espaços devem ser concebidos de modo a permitir a distância de segurança de acordo com a capacidade local. Outro dado relevante indica que 52% dos colaboradores e 49% dos diretores, focam-se na necessidade de uma maior aposta na digitalização. Aceda aqui ao estudo completo.

Isto implicará desafios na transformação digital da empresa que precisará de se reinventar com ferramentas de comunicação que mantenham uma ligação próxima entre e com colaboradores.

Desafios estes que vieram para ficar. E tendo em conta esta realidade, os gestores das empresas deixaram de ver o Facility Management como um simples serviço, passando a compreendê-lo como uma atividade com valor acrescentado. Atualmente, e continuando com uma pandemia como pano de fundo, os Facility Managers estão a começar a ser reconhecidos pela sua contribuição na formação e fortalecimento da cultura do local de trabalho.

Este reconhecimento chega numa altura em que as necessidades dos utilizadores dos espaços estão a mudar.

A sua função já não é somente trocar uma lâmpada ou manter os sistemas de ar condicionado operacionais. Há também um número crescente de novas tarefas que se tornaram parte da rotina diária de um Facility Manager, à medida que entrámos numa nova fase, com novas necessidades.

Uma nova fase em que os Facility Managers são vistos como indivíduos responsáveis pela resolução de problemas, por promover a colaboração e supervisionar um ambiente em que a partilha de informações e a inovação podem ocorrer.

De Facility Manager a Experience Manager

Para as empresas o mais importante são os seus colaboradores, a sua segurança e o seu bem-estar, especialmente com o aumento da concorrência para os melhores talentos. A chave é construir uma cultura forte e um local de trabalho envolvente, do qual os principais talentos querem fazer parte.

Com a introdução do trabalho híbrido, começamos a ter desafios, os quais as empresas têm de responder para continuar a envolver os seus colaboradores. Nesta perspetiva, os espaços de trabalho começam a ser vistos como espaços de convívio, de envolvimento com a marca e a sua cultura, e as nossas casas, apenas locais de trabalho. Aqui, podemos lançar dois tipos de conceitos: Trabalho de “experiência” e trabalho de “conveniência”. O que preferem os colaboradores? Trabalho de “experiência” ou trabalho de “conveniência”?

É por isso que, as organizações já não definem um Facility Manager ou um fornecedor de FM como alguém que se concentra exclusivamente na prestação de serviços.Os FM, sejam eles internos ou em Outsourcing, estão já profundamente integrados no negócio, ajudando-os a ganhar reconhecimento como um talento valioso, como consultores de design e proporcionando uma experiência única aos utilizadores.

Esta nova realidade abriu o horizonte para novas realidades, onde o Facility Manager terá uma enorme importância dentro das organizações agora e no futuro, pois será provavelmente ele a figura relevante na gestão dos planos de contingência e, confirmam-no os estudos das principais consultoras, residirá na sua pessoa muito do eixo de mudança de comportamentos ao mesmo tempo que será “o” parceiro de confiança imprescindível.